Chegando à conclusão
— Camilla, vamos ver se o barco ainda está lá.
— Certo.
Encontraram Yuki no saguão, patrulhando o hotel:
— Garotas, alguma de vocês viu a Solange em
algum canto?
— Não.
— Nem eu.
Na mesma hora, outra mulher entrou no
recinto. Era a empregada de Solomon. Ela não sabia o que havia acontecido com a irmã do chefe, nem o que elas
consideravam.
— Na noite passada, Solange parecia estar com
pressa e saiu do resort.
A noticia dela assustou as duas mais
velhas. Yuki também não compreendeu as circunstâncias.
— Harumi, será que ela pegou o barco e saiu da
ilha?
— Com licença empregada, foi essa a última vez
que você viu ela?
— Não posso ter certeza.
— A que horas?
— Acho que foi a uma da manhã.
E foi isso mesmo que elas constataram quando
foram ao píer. A lancha não estava mais lá. Resolveram voltar ao quarto e
colocar as idéias no lugar.
— Harumi, você acha que a Solange realmente
matou o senhor Sol?
— Como assim?
— Eu estive pensando. Baseando-se no
testemunho da empregada, ela saiu da ilha tarde da noite, não foi? Mas quando
eu toquei o corpo dele naquela hora, ele ainda estava quente. Resumindo, quando
nós o vimos, Solomon não tinha morrido há muito tempo.
— O que você quer dizer com isso? Solange saiu
do resort na noite do tufão e andou um pouco pela ilha antes de esfaquear o
Solomon e fugir?
— Não acho. Mesmo presumindo que Solomon foi
morto uma hora antes de o encontrarmos, nós já estávamos acordados e andando
pelo hotel, não é?
— Sim, mas e daí?
— Seria anormal não ouvirmos um som ou um
grito?
— Mas é estranho. Você está querendo dizer que
ele ficou vivo por algumas horas depois de ter sido esfaqueado no peito e se
trancou no quarto? Então se a Solange não era a assassina, qual motivo ela
teria para fugir...
— Espera! Eu sei a verdade por trás deste
caso. Não há dúvidas de que Solange esfaqueou seu irmão, senão, como você
disse, ele não teria motivos para fugir.
— Bem, isso mesmo.
— Não sei quais seriam os motivos, mas ele o
fez. Devido que tenha sido um assassinato premeditado. Provavelmente eles
discutiram, ele pegou a faca de cortar frutas que estava por perto e a usou
para matá-lo. Mas a faca não atingiu o coração dele, pois a agenda obstruiu o
caminho da faca, que acabou não causando um ferimento fatal. Mas é aí que as
coisas se tornam complicadas. Solomon pode ter desmaiado pelo choque. Depois de
ver isso, Solange pode ter acreditado que o matou. O problema é o que vem
depois. Solomon, que acabou de desmaiar, continuou consciente até esta manhã. Quando
despertou, ele ficou de pé, tonto, e lembrou-se que sua irmã tentou mata-lo. Sem
pensar claramente, ele trancou a porta e depois deve ter tropeçado e caído com
o rosto no chão. Com isso a faca foi enterrada no peito dele, e Sol conheceu
seu fim.
Micaela havia acordado no meio da explicação.
Juntou os fatos e percebeu algo que não batia:
— Espera, como tudo isso poderia acontecer tão
perfeitamente?
— Você tem outra explicação, Mica?
— Solange deveria ser capaz de notar se ela
realmente matou o próprio irmão ou não. Além disso, o corpo dele estava de
rosto para cima. Se sua dedução estivesse correta, Sol seria encontrado com o
rosto para baixo, concorda Cacá?
— Sim, mas... Mas espere. Então...
Algumas idéias brotaram, e tudo começou a
rodar. Fitou Micaela diretamente nos olhos, mas não conseguiu pronunciar mais
nada. Sentia a confusão que causou na mente das amigas, mas a compaixão tomou conta segundos depois.
— Camilla, o que houve?
— Bem, não foi nada... Acho que eu estava
errada. Vou lá fora tomar um ar.