Mesmo o final do mês
assustando mais que o fim do mundo, ninguém estava realmente preocupado. E se
estavam, não demonstraram ao amanhecer. Mas com o passar do tempo, seus atos
mudaram, e agora as pessoas já não suportavam se encarar. Os empregos ficaram insuportaveis e o trânsito tornou-se um inferno; dar o acento para uma idosa no ônibus era tão
impossível quanto ser atendido em uma fila de supermercado.
A garota voltava para
casa após um dia cansativo, porém tudo havia mudado, e uma mancha cobriu seu
coração a deixando extremamente infeliz. O amor ficou dividido pelo ódio e
aquela sensação de não encontrar seu caminho surgiu. A partir de então ela
começou a acreditar que o mundo não tinha mais salvação. Se essa tal sociedade
utópica fosse alcançável, ela não queria participar. Se fosse um sonho,
gostaria de sonhar com essa vida longe dela.
Foi descobrir mais tarde que tudo aquilo não
passou de um dia normal para todos; simplesmente tinha acordado animada, mas
seu vigor sumiu na medida em que voltava para casa. Começou a comparar hoje com
ontem, anteontem e a semana passada, mas só encontrou defeitos neste dia.
— Como hoje pôde ser um dia
tão ruim de se viver?
Não era um dia normal para ela, nem especial aos desconhecidos. Era simplesmente seu aniversário.
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