"E tu, bondosa alma, que te sentes tão angustiada como ela...
Consola-te com os seus sofrimentos, e permite que esta pequena personagem se torne sua amiga
(com todo vosso zelo e compaixão) que, por destino ou culpa própria, não tiveres outro mais próximo.
Não poderei recusar vossa admiração e amor para essa alma, nem ao seu caráter.
E com lágrimas, acompanhe o seu destino."

Sofrimentos do Jovem Werther (Primeiro Livro) - Goethe

sábado, 22 de outubro de 2011

74_ Crônicas além do mar V


O Sol Brando

   Foram todos deitar, mas as luzes não se apagaram, ninguém dormiu.
   Vararam a noite jogando cartas, desafios e contando histórias de terror a luz de uma lanterna fraca, acompanhadas com salgados e refrigerantes. Alguns desistiram da noitada. Cecília, alegando morrer de sono, foi a primeira a se deitar; Micaela e Alex deixaram o grupo logo depois e migraram para outro quarto, à procura de privacidade.
   Na ordem, Yuki, Harumi e Camilla se foram, mas não descansaram o suficiente para o próximo dia.

   Eram cerca de oito horas e o mordomo acordou a todos, um pouco pávido.
— Algum problema, senhor?
— Sim. Nossa empregada foi ao quarto da Solange, mas ela não estava lá. Também não havia sinais de que ela dormiu lá, e procura-la nos lugares costumeiros não nos levou a nada.
   Camilla estranhou.
— E que tal perguntarmos ao Solomon?
— Tentamos contatar o quarto dele pelo interfone, mas não obtivemos resposta.
— Então Solange está desaparecida e Solomon não responde as ligações?
— Resumindo, é isso que está acontecendo.
   Há essa hora, o grupo se olhou.
— Que tal entrarmos no quarto dele então? Você não tem a chave?
— O quarto do mestre é uma exceção. Ele guarda seus documentos de trabalho lá. Não temos autorização de entrar lá, e apenas ele tem a chave mestre.
   Com um leve cutucão, Harumi disse à Camilla tudo que queria dizer, mas não tinha idéia de como o fazer na frente do mordomo. Ela compreendeu.
— É melhor irmos lá ver. Harumi, Mica, Alex, venham comigo. Yuki, fique aqui com a Cecília.
   Camilla tomou a vanguarda, mas como não conhecia o hotel então estacou no primeiro corredor do terceiro andar. Como uma flecha, Harumi passou do seu lado em direção ao quarto certo.
   Quando todos chegaram, o mordomo, ofegante, tentou abrir a porta em vão. Eles nem ao menos resposta do outro lado obtiveram. Não havia idéia do que fazer, até Alex ter o brilhante pensamento.
 — Temos que arrombar.
   Consentiram com a cabeça. Ambos (ele e o mordomo) forçaram a porta três vezes com o corpo, e na quarta ela se rendeu. Com a força aplicada, todos foram parar no chão.
   Foi ao olhar para cima e para frente que o garoto realmente despencou. Na porta, as garotas tiveram a mesma vista...
   Solomon jazia no chão com uma faca fincada ao peito.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário