"E tu, bondosa alma, que te sentes tão angustiada como ela...
Consola-te com os seus sofrimentos, e permite que esta pequena personagem se torne sua amiga
(com todo vosso zelo e compaixão) que, por destino ou culpa própria, não tiveres outro mais próximo.
Não poderei recusar vossa admiração e amor para essa alma, nem ao seu caráter.
E com lágrimas, acompanhe o seu destino."

Sofrimentos do Jovem Werther (Primeiro Livro) - Goethe

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

51_ Véspera de pesadelo


   Estava revitalizada após o banho e a refeição. Mais o primeiro que a segunda que fez efeito significativo, pois nem de longe a água quente e renovadora podia ser comparada aos finos hashis que tardia a encher, de grão em grão de arroz, uma robusta garfada.
 — Se você não estivesse tão mal assim, eu te ofereceria um pouco de saquê.
 — Posso te acompanhar, mas não bebo.
 — E não beber é opção, amiga. Eu que não posso me servir, é falta de educação.
 — Está certo. Se tiver Coca-Cola, eu aceito.

   E assim, uma servia a outra com suas respectivas bebidas no copo enquanto os ponteiros de um relógio oval se satisfaziam com cada tic tac, desabando para a direita do disco.
 — Hum, acho que já é hora de irmos dormir.
 — Espera mais alguns goles!
 — Isso vai te fazer mal... Continuamos outra hora.
 — Calma. A partir da terceira ou quarta, eu começo a enxergar dragões.
 — Mas esse copo deve ser o sexto.
 — E até agora não vi uma iguana se quer.
 — Chega! Vamos dormir, só vou tomar um remédio.

   Assim, a nossa jovem revirou a bolsa atrás do que havia ganhado do taxista mais cedo. Ao encontrar, não hesitou em tomá-lo, pois era simplesmente para dor de cabeça. Pegou um copo d’água, colocou o comprimido na ponta da língua e engoliu-o junto com a bebida.

   E a partir de agora, tudo se encontrará na mente dela, e alguém não terá bons sonhos...

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