"E tu, bondosa alma, que te sentes tão angustiada como ela...
Consola-te com os seus sofrimentos, e permite que esta pequena personagem se torne sua amiga
(com todo vosso zelo e compaixão) que, por destino ou culpa própria, não tiveres outro mais próximo.
Não poderei recusar vossa admiração e amor para essa alma, nem ao seu caráter.
E com lágrimas, acompanhe o seu destino."

Sofrimentos do Jovem Werther (Primeiro Livro) - Goethe

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

55_ O vale das cinzas


   "Enquanto tudo acontecia dentro da minha mente, o mundo continuava a girar, assim como a cabeça da amiga anfitriã, que acordou tarde, e com uma imensa ressaca. Sentou-se ao meu lado e ainda tonta, tentou me acordar em vão:
 — Acorda Bela Adormecida. Minha cabeça ta me matando, e já são duas da tarde. Vou tomar um banho, e quem sabe se melhora?

   Um banho aliviaria o mal-estar causado pela bebedeira dela. Mas não curaria todos os sonhos ruins eu tive, causados pelo comprimido.
   Enquanto isso...
   No vale das diferenças o pó começa a cair, até o chão. O ar está frio e delicado. Tudo começou a ruir: quem me trouxe até este lugar não está mais no local; Ninguém não estava lá, e Todo-o-Mundo desapareceu.
   Mas o próximo movimento já foi arquitetado antes das ruínas se concretizarem (eu entendi o ritmo, mas a destruição está devagar). Estou sozinha agora, eu e tudo que aprendi comigo mesma. E agora nós estamos vagando sem rumo agora, tudo em partes... Em pedaços... Caminhando sozinha, e assim vamos até encontrar nossa própria saída.
   Me lembro de chegar numa planície bem verde, longe das cinzas que caiam do céu. Um rio cruzava meu caminho, mas esse foi vencido facilmente. (Eis meu primeiro desafio?)
   Havia uma garota na beira do rio com ambas as pernas dentro dele. Se divertia demais para estar sozinha no meio do nada, ou no meio das minhas memórias, mas o que mais me assustou foi ver eu mesma, porém mais jovem, sentada ali.
 — Às vezes a vida não te deixa sozinha, Camilla?
 — Então você é... Eu, porém, jovem?
 — Não exatamente. Sou a sabedoria que você não terá quando envelhecer.
 — Então quando tudo estiver perdido, assim como eu mais velha, existirá você?
 — Infelizmente não, porque para o universo, você me criou sem valor.
 — E por qual motivo eu ainda estou aqui?
 — Há algo de errado. Por que você não pode sentir chamando seu nome? Você conseguiu quebrar o silêncio, e isto está nos quebrando agora. Percebe como tudo vai ficando mais frio?"

 — Camilla, acorda! Você está suando!!
 — Eu... trouxe um presente... para você...

Nenhum comentário:

Postar um comentário