Gotas riscavam daquele
lado da janela e a melancolia podia ser sentida, e até mesmo tocada por ali. Havia
o que fazer nessa noite, mas faltava-lhe ânimo e vontade (alem da coragem de
sair de casa).
Uma nova tempestade
chegou nesse fim de semana e muitos poucos se aventuravam na garoa de inverno;
capas e guarda chuvas eram proteções inúteis, talvez por serem individuais.
Decidiu então ficar e conversar:
Camilla: Querido Diário...
Um começo falho. Incrivelmente, seus inícios
de conversas não eram difíceis, mas nesses dias, toda tarefa e toda atividade
tornaram-se mais complexas que o comum (até mesmo abrir um velho livro e sujá-lo
com tinta de alguma cor).
Diário: Espero que o
mundo mude, e que a situação melhore, mas o que mais quero é que você entenda,
quando digo que ainda que eu não te conheça, apesar de talvez jamais encontrar
você novamente, rir com você de novo, chorar com você ou beijar você mais uma
vez, eu te amo de todo coração, eu te amo.
Camilla: Como sabe o
que estou passando, Diário?
Diário: Eu poderia
ler seus pensamentos e te dizer o que você viu, mas nunca dizer uma palavra. Não
é apenas lá fora que chove, mas dentro da sua cabeça vive uma tempestade.
Camilla: Eu quero
voltar a fita até o dia quando a simplicidade foi lavada. Há um desejo
silencioso de deixar esta nuvem quando tudo que eu quero é ouvir o som da voz
destituída do barulho constante, o único som para preencher esse vazio.
Diário: Minha jovem,
não há nada que eu posso fazer a não ser tentar te consolar em meus braços...
Ele ainda tinha o que
dizer, mas ela a abraçou com força.
Diria que ela sofreria menos se não tivesse
quem perder, mas o afago fez com que ele perdesse o fôlego.
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