[Àquelas
pessoas que nunca ouviram falar de maldição, nem nunca viram um milagre. Para aqueles
que nunca choraram sozinhos num quarto sujo, nem nunca quiseram ver a face de
Deus.]
Amanheceu...
A luz que passou por entre as barras da
janela, iluminou o quarto e escureceu sua mente estava longe de acabar. Ninguém
sabe que ela havia se deitado à noite com o desejo, a esperança de nunca mais
despertar; já hoje de manhã, ao acordar e sol acariciar-lhe a pele, Camilla
sentiu-se infeliz.
Ela queria
pôr a culpa no tempo, numa terceira pessoa, e assim o fardo insuportável de
contrariedade e irritação não pesaria tanto. Mas sabe perfeitamente que a culpa
é apenas sua – não, não é bem culpa, mas sabe que em seu íntimo está a fonte de
toda desdita, assim como outrora lá se encontrava a fonte de toda felicidade.
— Não sou mais a
pessoa que pirava na plenitude dos sentimentos, que a cada passo encontrava um
paraíso, que possuía um coração capaz de abraçar amorosamente um mundo inteiro?
Mas esse coração agora
está confuso e frio. Dele brotam arrebatamento de outros tempos. Seus
olhos estão molhados agora, e os sentidos banhados pelas lágrimas. A garota
sofre muito, pois perdeu a única coisa que dava encanto à vida: a força revitalizadora
com qual ela girava mundos em torno de si...
Amanheceu, mas não
durou mais que um dia.
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