Uma semana depois.
Nublado, frio e garoando.
Esse era o clima do lado de fora de casa quando ambos, Camilla e seu pai, chegaram do
hospital. Poderiam sair em dias distintos, mas, como boa filha, esperou até ele receber alta. “Foi uma atitude honrosa, minha jovem” diziam amigos,
enfermeiros e médicos, menos o próprio genitor.
Dentro do lar, tudo era
tão diferente que ela levaria um tempo a se acostumar com a nova rotina. Por
enquanto, deveria esquecer o que aconteceu nos últimos dias, e uma festa de
boas vindas. Vizinhos e familiares foram convidados, mas pouquíssimos foram.
Nada disso machucou mais do que sentir a falsidade no ar: apenas alguns por
parte da família realmente se importavam com o estado de saúde dela; um dia ou
um mês a mais no hospital, sob efeitos de medicamentos fortes ou tratamentos
intensivos, isso tudo não fazia diferença para a grande maioria daquela festa...
Se estivesse realmente mal, quem se importaria seria apenas uma prima ausente
ou...
Cumprimentou cada um que
ali estava.
Agradeceu a visita de
todos.
Subiu para o quarto com
os olhos marejados.
— Filha? O que houve?
— Nada de mais, mãe. É essa
chuva do lado de fora.
Tentou contornar a
situação. Mesmo que ela não caísse, teria tempo até pensar em outro assunto
para distrair o interesse da mãe.
— Só a chuva mãe...
— O que tem ela?
— Não sei bem, mas ela me
deixa triste. É muito melancólico.
— Bem, não sei como você se
sente, mas se isso te alegra, a chuva também me altera.
— E como?
— Me deixa ensopada.
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