Já era noite, e ela estava voltando para casa, mas parou no meio do caminho; esquecera que veio atrás de uma única coisa. Não sabia as horas, e nem se ainda tinha tempo para o combinado mais cedo.
— Vamos ver... Ainda posso comprar o presente, se eu for bem rápida.
E sorridente, entrou em uma loja de presentes bem pequena. Não tinha certeza do que comprar, mas este era o local certo, mesmo com as estantes empoeiradas dizendo como a clientela era ausente naquele tempo, por motivos banais: lojas maiores e um shopping recentemente construído eram seus principais concorrentes quando se falava de brinquedos e passatempos. O dono do local, um estrangeiro que, buscando uma vida melhor, veio para o país, não reclamava dessa realidade e, humilde como sempre, tirava o sustento da família dos brinquedos vendidos às crianças com condições melhores.
Bolinhas de gude, ursos de pelúcia, carrinhos de madeira, bonecos de plástico... Nada eletrônico, visto que esses causaram um grande trauma ao dono: por causa de produtos de grande valor, a loja já fora assaltada várias vezes.
A garota estava a procura de algo que fosse simples a primeira vista mas...
— Algo especial em mente, minha jovem? Alguma coisa simples, mas com um grande significado?
Uma voz suave no timbre, mas muito experiente soou atrás dela. Era um senhor sexagenário, provavelmente o dono do local. Usava um óculos com a lente direita trincada, sinal da escolha entre arrumá-la ou garantir a educação dos filhos. Em menos de quinze minutos, mostrou todas as estantes à moça.
A mesma moça que, instantes depois, caminhava alegre e satisfeita com uma sacola embaixo do braço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário