Já se completara o segundo mês sem nenhuma novidade, apenas a mesma rotina de adolescente: estava terminando o ensino médio e se preparando para as provas finais. Seu diário estava cheio de anotações escolares e quase nenhum texto particular. Talvez isso e o fato de tê-lo guardado na última gaveta da cômoda seja o início do desentendimento. Nunca esteve cansada para conversar, pelo contrário, andava disposta a compartilhar suas emoções, mas não havia motivos para isso.
Certa vez, Camilla foi conversar com a sua mais nova amiga. Foi preparada para isso, levou seus documentos, mas nada de valor, apenas uma quantia em dinheiro, caso precisasse alugar um quarto e a amiga durante uma ou duas horas, que fosse. O próprio dono do prostíbulo acharia estranha uma garota de 16 anos de idade procurando por um programa com a sua melhor prostituta, se não fosse o fato de que Camilla se vestiu a caráter de uma perdida, e isso não faltava naquele local. Talvez por causa desse pretexto, recebeu vários elogios, tanto de homens bêbados, como mulheres sóbrias, o que fazia sua vergonha aumentar.
Estava na hora de partir, mas se fosse, não teria com quem conversar. Chegou a falar com a amiga meretriz, mas essa confirmou a agenda cheia. A jovem não retrucou, pois sabia o trabalho que a mulher tinha e que não podia se intrometer. Resolver deixar o quarto pago para outra ocasião. Agora ela está saindo do bordel triste por não ter desabafado com alguém. Mas que a via, imaginava outra coisa.
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