A história começa quando seus pais disseram “Ela não pode ser encontrada”. Os dias tornaram-se noite; os corações, espaços vazios... Do outro lado da cidade, finalmente ela enxergou quem eram aqueles a quem pedia benção durante tanto tempo, descobriu as intenções da família e ao mesmo tempo, se sentiu confusa por ter esse sobrenome. Talvez ela pensasse menos sobre eles, se eles dissessem que realmente se importam. Mas não é tão fácil assim: talvez haja mais vida fugindo da realidade.
Aproveitou a noite para relaxar, caminhar um pouco e observar a paisagem da cidade acinzentada pela fuligem das chaminés. Em uma das mãos, seus sapatos estavam um dentro do outro, e noutra, seu diário. Tentou lhe perguntar sobre algumas coisas, mas já sabia quais questões ele ia responder, e como as responderia.
Camilla: Diário, como pude ser tão cega durante tanto tempo?
Diário: Minha amada, essa decepção é apenas um capítulo, e mais tarde você vai rasgar as páginas de ontem.
Camilla: Não! Essa desilusão é meu horizonte...
Diário: ...Então você está pronta para o pôr do sol?
Tinha em mente que isso não ia durar muito. Havia tempo para dizer o que pensava sobre o assunto, e nada a perder se o fizesse.
Diário: Quer que eu desamarre as suas mãos, Camilla?
Camilla: Pra que?
Diário: Para jogar fora os inimigos de ontem e aliviar as memórias que vêm dessa maneira! Há uma vida bem melhor agora, e você sabe que estou do seu lado!
Hesitante, enquanto o mundo está apenas um passo longe de recriar toda a sua inocência, decidiu encarar a realidade e deixar esse tema pra outrora, independente do tempo que possa levar. Agora ela estava bem acordada, e fez por merecer: queria apenas voltar para casa, e expor seus sentimentos aos pais. Devia tudo isso ao seu companheiro, apesar de ser uma criança voluntariosa que carregava o peso do mundo em seus braços, junto com seus sapatos.
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