Disparou, mas não passou quinze minutos a caminho da igreja quando ela começou a se sentir a rainha de toda a confusão que causou; rainha do desperdício de tempo e do desespero. Seu dia que começou tão bem sofreu uma violenta guinda ao início da tarde. Desde então corria sem motivos concretos, apenas por vontade. As pernas acostumadas a desistir bambearam quando Camilla parou no semáforo. Sua respiração ofegante e seu coração acelerado estavam cansados de insistir em correr e nunca mais parar, a não ser por intervenção exterior.
Mais alguns passos hesitantes, e estava em frente à igreja; juntou todas as forças físicas e morais para vencer a escadaria, mas todos os pecados praticados nunca a deixariam ganhar. Entre as poucas opções que lhe restavam, ela decidiu apenas sentar em um dos degraus para descansar.
Por baixo disso tudo, a realeza tornou-se apenas outro ser humano.
Um senhor, deveras respeitado pela idade, tomou a iniciativa e sentou ao lado da garota, Igualmente abatido e cansado.
— Pois é, e aqui estamos nós, lutando e tentando esconder as cicatrizes.
— O senhor deveria estar rezando a missa, creio eu.
— Fui expulso do clero, minha jovem. Meus vícios não podem ser perdoados.
— Padre, o que houve?
— Não sou mais padre, Camilla. Estou a esperar a decisão final do reverendo.
Infelizmente, por hora, eu sou apenas um vigário mundano.
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