Incompreensão
Camilla
foi a primeira a conseguir se mover. Caminhou até o corpo para medir a
pulsação, mas o mordomo impediu o toque.
— Não mexa no corpo — e com os dedos no
pescoço dele, concluiu — ele está morto...
Suas reações foram as mais diversas possíveis:
Alex continuou imóvel; Camilla levou a mão à boca; Micaela desmaiou nos braços
da Harumi.
— Parece ser uma faca para cortar frutas, concluiu.
Pairava
um ar claustrofóbico, catastrófico naquele cômodo: a fenestra sacudia
violentamente, mas não havia perigo de abrir por causa da trinca.
— Camilla, dá uma olhada!
Harumi apontou para a faca. Ela atravessou a
agenda que o senhor guardou no bolso da camisa, o que apontava que era preciso
muita força para fazer isso. Deduziram o seguinte: era seguro afirmar que o
assassino era mais velho que os garotos. O fato de que Solange não foi vista em
nenhum lugar significa que... Melhor não deixar mais ninguém saber disso.
“É o melhor que temos a fazer” dizia Harumi
com um piscar. Com o passar do tempo, as duas amigas aprenderam a conversar apenas com um único olhar.
— Esta
situação é, para todos os propósitos, um círculo fechado. E à primeira vista
também parece ser um homicídio.
O mordomo caminhou até a janela e continuou sua fala:
— Além
disso, ocorreu em um quarto fechado. Bem, como o assassino poderia cometer o
crime neste aposento inacessível e fugir?
Deixaram a Mica no quarto, aos cuidados da
empregada. Alex ficou ao lado da amada nessa tarde. Já Yuki, que não tinha
conhecimento dos fatos, só ficou sabendo que a garota tinha passado mal, nada mais.
Do lado de fora do quarto, Camilla e Harumi
conversavam, abaladas:
— Isso parece ruim, Cá.
— Eu não queria pensar nisso, mas a principal
suspeita não é a Solange? Pois não a encontramos em lugar nenhum.
— A propósito, ontem a Mica disse algo. Disse
que no dia que brincamos na praia. Solomon e Solange estavam discutindo em um
dos andares. E mais uma coisa, na noite passada eu fui ao banheiro durante o
nosso jogo, não fui? Enquanto eu estava neste mesmo lugar a escutei conversando
no telefone sobre algum passaporte, e se era possível tira-lo nessa semana.
— Pensando bem, ela poderia estar organizando
sua fuga para outro país. Mas e o quarto fechado? Nenhuma tentativa foi feita
para fazer com que parecesse um suicídio. Não havia motivos para matá-lo em
quarto fechado.
De volta ao local do crime, ambas
conversaram com o mordomo, que guardava a entrada do quarto.
— Eu chamei a polícia e fui instruído a não
permitir a entrada de ninguém. O tempo pode melhorar amanha à tarde, então
suponho que eles cheguem por esta hora.
— A porta ficou fechada à noite inteira?
— Não sei, só tentei bater na porta. Solomon
tem documentos relativos ao seu trabalho no quarto, então sou proibido de abrir
a porta quando ele não responder.
— Solomon e sua irmã não se relacionavam bem?
O mordomo arregalou os olhos, espantado.
— Eu também não sei disso. Trabalho aqui há
apenas uma semana.
— Uma semana?!
— Eu e a empregada fomos contratados
temporariamente. Nosso contrato é curto, de duas semanas nesse verão.
— Foi só para esse resort então? Você não era
empregado do Sol?
— Isso mesmo. A respeito dos irmãos, só sei
que Solange era empregada da empresa do seu irmão.
“Tem algo errado... Harumi! Por que a saudade recíproca, se vocês nunca haviam se visto até chegarmos ao pier?”
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